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Criar uma criança é um portal (1)

  • nutrijenni
  • há 17 horas
  • 2 min de leitura


A maior parte das mulheres que atendo tem filhos. E entre elas, há um comportamento que se repete, o de dar o jantar para a criança, botar para dormir ou na TV e, aí sim, jantar. Sempre achei isso meio estranho, porque desde que minha filha mais velha começou a comer eu faço questão que façamos as refeições juntas. E não é para controlar a qualidade nutricional da refeição não, mas para ter esse momento gostoso em família.


Eu cresci em uma casa em que sempre se comia junto à mesa e, apesar da companhia, era solitário. Não se conversava. Comia-se rápido na cozinha, levantava para colocar o prato na pia e saia. Quem comia devagar era alvo de bronca. Eu ficava imaginando como seria almoçar numa mesa de novela, onde as pessoas conversam alto e passam a travessa umas para outras. Então conheci a família de meu marido e seus almoços caóticos. Sim, caóticos, porque apesar de ninguém ter descendência italiana, falam todos juntos num volume absurdo. Lá nenhum assunto é proibido, mesmo, nem se for swing (isso é tema para outro texto hahaha). E eu vi ali como era construído um vínculo carinhoso através da comida.


Então quando as mães falavam que estavam cansadas e não queriam nem saber de jantar, só de se largar no sofá, eu questionava por que dar comida separada para a criança e se colocar para depois. As palavras até mudavam, mas a resposta era, invariavelmente, a mesma: dar comida para a criança é um trabalho. Não posso ser hipócrita, é, sim, um trabalho. Mas não precisa ser apenas isso. Então eu falava sobre um estudo que concluiu que adolescentes que fazem refeições família envolvem-se menos em comportamentos de risco. Não é por conter um nutriente mágico no prato, viu. A adolescência é um momento em que o jovem se descola dos pais e vai viver com seus amigos, começa a se abrir para o mundo. Então o momento de refeição é, basicamente, o único momento de qualidade que a família passa junto. Único momento legal de acesso àquele adolescente, que ou está no quarto, ou na casa de amigos. Então contava como era na minha casa e na casa do meu marido, que não precisa ser nem tão ao céu, nem tão à terra, que dava para chegar num meio termo.


Todas elas passavam a jantar mais cedo, no horário da criança, então sobrava mais tempo, simplesmente, para existir. Se você for mãe, você sabe que existir para além do papel de mãe é raríssimo, ainda mais no primeiro ano de vida. Mas eu te digo, jantar mais cedo e em família é um caminho sem volta.

 
 
 

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